quarta-feira, 15 de junho de 2011

Construção civil centra foco em ferramentas de divulgação e comunicação virtual

O uso da internet vem crescendo exponencialmente em todo mundo e, no Brasil, o cenário não é diferente. O número de brasileiros com acesso à internet aumentou 13,9% se comparado ao mesmo período do ano passado, de acordo com dados da pesquisa realizada pelo Ibope Nielsen Online. No país, já são 43,2 milhões de usuários da rede.
Neste cenário, construtoras e imobiliárias estão investindo em tecnologias para oferecer sites com recursos avançados de navegação, conteúdo para visualização em iPad e redes sociais para estreitar o relacionamento com clientes. Um estudo divulgado pela Burston-Marsteller mostra que 63% das empresas no Brasil estão presentes em pelo menos uma rede social. A maior participação é no Twitter, que conta com a presença de 53% das empresas que usam as redes sociais.
De acordo com a administradora de marketing Adriana Torres, o aumento do uso de redes sociais pelas empresas do mercado imobiliário é visível. No entanto, de acordo com ela, sem a orientação e coordenação de um profissional preparado para utilização desses canais, o marketing torna-se ineficiente. "Um desafio para essas empresas é a busca pelo seu público alvo na internet. Fazer a segmentação na internet não é nada simples, é necessário um estudo de cada plataforma e um ótimo conhecimento do grupo que decide a compra. Por exemplo, no caso de compra de apartamento, já foi mais que provado que a mulher e os filhos têm grande influência, mesmo se o apartamento for adquirido com o dinheiro do homem. Se torna vital, então, que as empresas contratem especialistas para realizar esse trabalho, evitando a máxima de custos reduzidos em troca de um serviço não diferenciado", garante.
Ainda de acordo com ela, o potencial a ser explorado é ainda grande. "Como estamos em uma época de grande demanda, acredito que muitas empresas ainda investem pouco nessa área. É perceptível que a maioria dos sites são exatamente iguais, com as mesmas ferramentas de busca e as mesmas informações", disse.
Redes são usadas como canais de relacionamento
Espaços de interação virtual são usados para aproximar clientes de construtoras e imobiliárias
Foi-se o tempo em que o atendimento telefônico ou por e-mail era a única maneira de um cliente se comunicar com uma empresa. Hoje, com a web 2.0, é cada vez mais forte o uso das ferramentas interativas que permitem aos clientes expor suas opiniões sobre os produtos. Construtoras e imobiliárias já perceberam a necessidade de interagir e os investimentos em espaços virtuais aumentam.
De acordo com o publicitário e web designer André Villela, além de um site estruturado com diversas opções de interatividade, a empresa tem que ter em mente que o cliente quer ser ouvido e sentir que faz parte do projeto. Para ele, as redes sociais são instrumentos de gerenciamento de relações com o cliente.
"Antigamente, era o contato ou fale conosco dos sites o responsável por esse canal online entre as empresas e o consumidor. O que atrai é que reclamações e dúvidas são compartilhadas publicamente, pois mais pessoas podem estar passando pelo mesmo problema, ou simplesmente compartilhar uma experiência positiva", explica. Redes sociais como YouTube, Orkut, Twitter, MySpace e blogs têm se tornado essenciais no planejamento de campanhas publicitárias e estratégias de marketing para divulgações de marcas.
As empresas já perceberam que o internauta não quer ver somente a divulgação do produto lançado. As redes sociais não são ferramentas que devem ser usadas apenas para divulgação, mas para integração com o cliente. Há menos de um ano, a Patrimar lançou um blog (http://www.luxoesaberviver.updateordie.com/) que, além de conter dicas de arquitetura e decoração, aborda diversos assuntos como gastronomia e viagens. Segundo a supervisora de marketing da Patrimar, Cláudia Ramos, o blog "Luxo É Saber Viver" desempenha um papel mais amplo do que apenas divulgar. "A intenção é inserir a empresa no universo que o público frequenta na web, cada vez mais amplamente utilizada, além de estar conectada às novas tecnologias, utilizando esta oportunidade para interagir com o público", disse.
De acordo com a coordenadora de comunicação e marketing da EPO Engenharia, uma das funções das redes sociais é mostrar o perfil dos clientes. "Estamos em fase de pesquisa para implementar uma ferramenta que fará o monitoramento de citações sobre a EPO em diversas redes sociais. Dessa forma, pretendemos levantar dados para conhecer melhor os perfis que se relacionam com nossa marca e, assim, traçar estratégias para ampliar e otimizar nossa participação nas mídias sociais", conta.
Para André Villela, muitas são as maneiras de usar as redes sociais, mas a ‘febre’ do Facebook empresarial no Brasil ainda está só começando. "O crescimento do Facebook é significativo entre as empresas, pois esse canal direto com o consumidor proporciona um conhecimento melhor do mercado e do público alvo. Lá fora, a tendência é fazer as buscas no Facebook, e não no Google, por exemplo.
Ele ainda explica que a forma adequada de uma empresa usar o Facebook é criando uma página e, não, um perfil. "Quem tem perfil é usuário. A empresa deve ter uma página onde as pessoas irão 'curtir' a marca", explica.
Uma forma de explorar vídeos institucionais e publicitários é a criação de um canal no YouTube. Dados apontam que cerca de 100 milhões de vídeos são vistos diariamente nas páginas no site por internautas do mundo inteiro.
A estratégia é adotada pela empresa de engenharia Conartes, que disponibiliza conteúdos institucionais para internautas. "Postamos todos os vídeos de nossas publicidades veiculadas na televisão, muitas vezes até mesmo antes delas irem ao ar. Isso é uma forma de privilegiar os internautas", garante o coordenador de marketing da Conartes, Thiago Xavier.
Ferramentas ainda são pouco exploradas
Embora boa parte das empresas já tenha notado a importância das redes sociais, ainda são muitas as que atuam de maneira inadequada. Realizada pela Escola Superior de Propaganda e Marketing (ESPM), a Agenda do Futuro avaliou 125 empresas com mais de mil funcionários, selecionadas em um universo de 687 companhias de diferentes setores.
A pesquisa que havia sido realizada há três anos mostrou que houve pouco avanço na adaptação das empresas à era digital. O resultado demonstrou que apenas 8% delas atingiram o patamar mais próximo das exigências de integração e interatividade necessárias para a era digital prosperar nas corporações.
Segundo o publicitário Ricardo Agnes, um dos principais erros é a falta de retorno. "Muitas vezes, o cliente manda uma mensagem e não obtém resposta. É ainda pior se for reclamação, pois a falta de resposta demonstra desinteresse", explica.
Ainda segundo ele, a falta de atualização demonstra desleixo e desmotiva os clientes. "Não dá para criar um blog e atualizar de vez em quando. Tem que ter uma frequência. A mesma coisa é com Twitter e Facebook, por exemplo. Tem que ter uma constância de postagens, pois as redes não são feitas para conteúdos estáticos".
O publicitário acredita ainda que as empresas precisam investir em profissionais capacitados para que não sejam cometidas 'gafes' virtuais. "É preciso saber que tipo de mensagem deve ser postada. Não pode ser algo muito formal e nem despojado demais. O profissional também ajudará a selecionar as melhores redes para inclusão da marca. Não é tudo a mesma coisa".

*Publicado em 12/05/2011 / O Tempo / Imóveis
Por Tiago Rodrigues

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