terça-feira, 7 de junho de 2011

Memórias tristes de um jornalista


Ao me aventurar a escrever este blog comecei a reler alguns textos, crônicas e matérias que produzi nos meus pouquíssimos anos de jornalista profissional (rs). Com a cara enfiada em caixetas ou relendo documentos salvos no computador, me deparei com uma série de reportagens que escrevi sobre as drogas, assunto que me deixa indignado pela total ausência do governo, todas as ações sociais para resolver este problema são paliativas ou não maioria das vezes ineficazes.
O texto escolhido foi o primeiro que escrevi, de forma curta tento descrever várias entrevistas que realizei com um usuário de crack de apenas 17 anos, na época. Quando digo curto é porque poucas coisas puderam ser aproveitadas, na maioria das vezes que me encontrava com “Sombra”, ele estava num estado lastimável. Lembro-me que em uma dessas ocasiões, o jovem não falou nada, de repente levantou-se e me perguntou: “Pra que time você torce”? Respondi que era Flamengo, na mesma hora o garoto sorriu e disse: “Sou Vascão, ganhamos uma ontem”. Mas, o inesperado veio depois, ao ir embora ele escalou o time do Vasco, até o banco de reservas. Na minha cabeça aquilo era delírio de um drogado. Recordo-me que pela primeira vez como flamenguista pesquisei algo relativo ao Vasco, e não é que o vascaíno acertou, aliás, errou apenas um, Carlos Alberto, machucado foi barrado minutos antes da partida, na época o time cruzmaltino disputava a 2º Divisão do Campeonato Brasileiro.
Não sei por que não coloquei isso no texto, hoje me arrependo, mostraria um lado lúcido do “Sombra”, algo que poderia o ter salvo. Toda vez que releio a matéria choro, não tenho vergonha de falar disso, começo a lembrar das crianças que nem brincam de bola ainda e já sabem acender um cachimbo de crack, como pai e cidadão isto dói. Queria reencontrar aquele garoto, na mesma praça, para poder conversar sobre futebol, mulheres, futuro e filosofia (ele gostava desse assunto). Gostaria de ouvir, aliás, torço para que o “Sombra” hoje use seu nome de batismo, longe das drogas e das ruas e estude Direito. Acho que escrevi demais, amanhã faço a postagem da matéria.




A primeira foto é de Cris Oliveira, o melhor repórter fotográfico com quem já trabalhei. Nas matérias ele armado com uma Nikon e eu de bloco de papel e caneta, neste momento poderíamos enfrentar o mundo (rs).




Por Tiago Rodrigues

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