sexta-feira, 21 de setembro de 2012

Senhora do caminhão

Ilustrativo.
Já rodei tanto em Montes Claros, cada lugar improvável, que posso dizer que “quase” conheço cada canto dessa cidade. Nessa semana, um encontro maravilhoso, com uma moradora do bairro Vera Cruz, na Avenida Benjamin Campos. Aos 60 anos ela sobrevive como catadora de material reciclável. Segundo a moradora, ela começa a andar pelas ruas de Moc empurrando seu caminhão (uma espécie de charrete, porém menor), às 6 horas da manhã e só retorna às 16 horas, debaixo de sol ou chuva – só pra constar, Montes Claros faz uma calor de 40 graus – para se alimentar neste período, somente leva uma garrafa de água. 

- Já tentei várias vezes me aposentar, ninguém me ajudou e fui maltratada no INSS, parece que pobre não tem voz ou melhor, vez. 

- Neste ano de eleição todos batem na minha porta, agora sou lembrada, porém a corrida por voto passa e mais uma vez sou esquecida. Volto a ser mais uma sombra empurrando o caminhão, assim como sou uma sombra nas ruas, os carros faltam passar por cima de mim, quando peço um copo d´água na rua, as pessoas têm medo. 

Reflexão da senhora: “Como ter medo de uma senhora no sol quente, que quer matar a sede, que só trabalha empurrando um caminhão pesado, porque tem que se alimentar”. 

Despeço-me da senhora, pergunto seu nome e ela me responde: 

- Você é jornalista, respeito você, pois vocês trazem as notícias até minha casa, mas não vou falar meu nome pra você, vai colocar ele na TV. 

Esperta a mulher do caminhão.

Por Tiago Rodrigues

Nenhum comentário:

Postar um comentário