quinta-feira, 12 de junho de 2014

Pelé ou Maradona, no dia 5 de Outubro?

Prometi a mim mesmo e as pouquíssimas pessoas que leem meus textos, que não escreveria nada sobre a Copa, pelo simples fato de que tudo que poderia ser tido já foi gritado, ou melhor, “até porque o que tinha que ser gasto, roubado, já foi”. Palavras da nossa querida, Joana Havelange, filha de Ricardo Teixeira, que comandou a candidatura do país a sede da Copa do Mundo, e neta do poderoso chefão, João Havelange, que presidiu a Fifa por mais de 20 anos. Sem esquecer que a menina ocupa o segundo principal cargo executivo do Comitê Organizador Local (COL) do torneio. Como diretora-executiva da entidade, teria uma remuneração mensal, muito pequena, superior a R$ 100.000,00. Então como diria Gabriel, aquele o Pensador, “nádegas a declarar”.

Porém, ao ver e ouvir o Rei Pelé e outros jogadores da atual seleção dizerem “esqueçam os problemas, as mazelas, vamos gritar Brasillll e mostrar nossa paixão pela pátria de chuteira” – confesso que meu estômago deu uma embrulhada.

Certa vez, em uma das minhas andanças pela Argentina saí a perguntar aos hermanos, quem foi melhor? Pelé ou Maradona? Resposta unânime, do porteiro ao barman, passando pelo taxista (taxistas nas terras vizinhas não são nada educados). Como persona Pelé era mejor, como jugador, Maradona.

Bem, não precisa ser Eva Perón para entender o dito, basta saber que persona nesta elocução, remete a caráter. Quem sou eu, um reles plebeu pagão, para falar do caráter do rei do futebol, porém não há como evitar o comentário. Mais uma vez, com as palavras, o bom de bola deu bola fora, assim como muitos seguidores da seleção.  E quem diria, o eterno camisa 10 da Argentina, perdeu a coroa de persona non grata.

Todos, sem exceção, têm o direito de manifestar, de ir às ruas, de pintar o rosto, de levantar faixas ou cartazes de protesto, de gritar e cantar por dias melhores. Só não podem partir para a violência, pois ao desrespeitar o direito do próximo, você por legitimidade perde o seu. Ao depredar um patrimônio público ou privado, o cidadão passa a categoria de bandido, marginal, vândalo e no pior dos adjetivos vira um político, e não um ser político.

Portanto, assim como muitos não querem curtir a Copa, outros tantos querem sentar em frente à televisão ou ir a um estádio e gritar pela seleção Canarinho, é legítimo. Da mesma forma que também querem receber bem os turistas, aliás, isso é ser educado, é como receber uma vista em casa. Agora vai me dizer que o Brasil não é sua casa? Então qual o motivo de manifestações por um país melhor?

O torcedor só não pode esquecer que depois do dia 12 de Julho, a educação, a segurança, a saúde, a infraestrutura dos aeroportos e de mobilidade urbana, continuarão precários. O assalto ao dinheiro público continuará, pois querida Joana Havelange, amanhã não será um estádio, será outra obra “elefante branco” ou coisa parecida. De certo, o dinheiro não irá para investimentos em hospitais ou escolas, pelo menos enquanto as leis forem café com leite. Como minha pátria é de livros, lápis e cadernos e não de chuteiras (e olha que amo futebol), prefiro a rua aos estádios.


Mas isso não quer dizer nada, se você não votar com consciência nas eleições, votar, acompanhar e cobrar. Porque o problema não é ser torcedor durante a copa, e sim jogar mal dia 5 de outubro, nas urnas.

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